quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

llNo inicio do século XX, a maioria dos trabalhadores industriais de São Paulo era composta de imigrantes. Junto com eles vinham as idéias socialistas e anarquistas, que influenciaram as primeiras organizações de trabalhadores, em geral, de ajuda mútua.
As greves eram consideradas crimes e muito reprimidas. Em 1919, na “Vidraria Santa Marina”, na Água Branca, São Paulo, houve uma greve de operários, muito deles imigrantes. A greve repercutiu muito mas os operários não alcançaram seus objetivos e muitos ficaram sem trabalho e sem casa, pois alguns moravam em casas da empresa. Os desempregados resolveram formar uma cooperativa de vidreiros em Osasco. Com a ajuda e colaboração de muitos o prédio chegou a ser levantado mas, por várias razões, o sonho não se realizou.
Os trabalhadores de Osasco participaram ativamente da greve dos 300 mil trabalhadores de São Paulo, em 1953.
Em 1963 houve uma movimentação dos trabalhadores para a unificação da data base. Em São Paulo houve mobilização e greves. Os trabalhadores de Osasco participaram do movimento grevista dos 700 mil.
Em 1963 foi fundado o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco com forte presença na luta econômica, social, política e cultural da cidade ao longo dos 50 anos.
Em 1964, com o golpe militar, o movimento sindical trabalhista foi reprimido e houve perseguições no país todo. Vários políticos, lideranças sindicais, operárias e populares sofreram perseguição também em Osasco.
A luta dos trabalhadores de Osasco ganha impulso novamente em 1968, com grande participação no 1º de maio de 1968 na Praça da Sé. Lideranças jovens que haviam surgido no vazio deixado pela repressão – pós 1964 organizaram a greve de 1968 que resultou na ocupação da Cobrasma em 16 de julho de 1968. A organização pela base e as Comissões de Fábrica foram fatores que contribuíram para a renovação do movimento sindical. A greve de 1968 de Osasco teve uma repercusão política muito grande, apesar da repressão brutal por parte da ditadura militar. Só na Cobrasma ocorreram mais de 600 prisões.
Na década de 80, teve uma atuação bastante grande em vários bairros de Osasco, a Ato – Associação dos Trabalhadores de Osasco, lutando pelas bandeiras tradicionais dos trabalhadores como a luta por melhores salários, redução da jornada de trabalho, melhores condições de trabalho e, sobretudo, a luta por melhoria nos bairros operários da cidade como a luta por asfalto, esgoto, transporte, escolas, creches, etc.
Em 1986 houve uma manifestação de mais de 100 mil trabalhadores no Largo de Osasco, por ocasião da comemoração do Centenário de 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador.
Em março de 1989, em protesto contra o chamado “Plano Verão” de controle da inflação a CUT – Central Única dos Trabalhadores e a CGT – Central Geral dos Trabalhadores convocaram uma greve geral contra a alta dos preços que atingia o poder de compra dos salários. Segundo os Sindicatos de Osasco a greve aqui teve uma adesão de 40% dos trabalhadores.
São inúmeras as lutas dos trabalhadores de Osasco, sendo aqui destacadas apenas algumas, sem falar da enorme movimentação nos bairros através de associações de moradores na luta pela melhoria das condições de vida ao longo de todos esses anos. 

Mário Luiz Guide é professor universitário, formado em filosofia na USP e em Direito pela Unifieo, com doutorado na USP em Ciências Políticas. É vereador em Osasco e secretário geral do PSB no estado. www.marioguide.com.br

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