quinta-feira, 9 de junho de 2011

Transferência de Renda e Distribuição de Renda

Como o Brasil é um país muito desigual, com uma das maiores concentrações de riqueza do mundo, aceita-se que é necessário democratizar a riqueza.
Comenta-se muito sobre os programas de transferência de renda como o “Bolsa Família” e agora o “Programa Brasil Sem Miséria”. São todos programas importantes. Mas um fenômeno que ocorre, no entanto, sem muita discussão é o violento processo de transferência de renda de vários setores sociais para o setor financeiro através dos juros pagos pelo serviço de dívida pública interna brasileira. São recursos arrecadados da agricultura, da indústria, dos serviços e dos assalariados através de impostos e depois pagos com recursos do orçamento federal para o sistema financeiro e cerca de 20 mil famílias de rentistas. No ano de 2010, os valores chegaram a 635 bilhões de reais ou 44, 93% do orçamento federal. Maria Lúcia Fattorelli, que é coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, publicou um artigo, no jornal “Le Monde Diplomatique”, chamado “A Inflação e a Dívida Pública” que analisa esta questão.
Veja alguns dados apontados por ela, no gráfico. Orçamento geral da União 2010: Total R$ 1.414 trilhão.
A autora discute a proposta de combater a inflação pelo aumento de juros. Em tese a elevação dos juros tenta dificultar o consumo e frear a demanda (procura), buscando conter a subida de preços provocada pelo excesso de procura dos produtos e serviços.
Mas a inflação atual é provocada por contínuos e elevados preços dos alimentos e preços administrados tais como combustíveis, energia elétrica, telefonia, transporte público, serviços bancários: é a chamada inflação de preços.
Esses preços não caem quando os juros sobem. Conclusão: aumenta a dívida do governo que já está em R$ 2,5 trilhões e transfere mais renda para o setor financeiro. E como é formada a taxa de juros? O banco central informou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional sobre a Dívida Pública que ele realiza consultas aos “analistas independentes” em reuniões periódicas. Cerca de 95% desses analistas fazem parte do sistema financeiro representando bancos, fundos de investimento ou consultoria de mercado. É a raposa cuidando do galinheiro ?

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