quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Questão da Desigualdade

Ao longo da história humana, alguns pensadores destacaram a questão da desigualdade como um dos maiores problemas a serem enfrentados na organização da sociedade e na busca de uma sociedade mais equilibrada.

Norberto Bobbio, pensador italiano, chegou a colocar que “o critério mais frequentemente adotado para distinguir a direita da esquerda é a diversa postura que os homens organizados em sociedade assumem diante do ideal de igualdade, que é com o ideal de liberdade e o ideal da paz, um dos fins últimos que os homens se propõem a alcançar e pelos quais estão dispostos a lutar”.

Mas Bobbio advertia que em relação ao conceito de igualdade era necessário considerar pelo menos três aspectos: a) igualdade entre quem, ou seja, os sujeitos entre os quais se trata de repartir os bens e os ônus, que podem ser todos, muitos, poucos ou um só; b) igualdade em relação a quê, ou seja, os bens e os ônus a serem repartidos que podem ser direitos, vantagens, ou facilidades econômicas, posições de poder, etc.; c) igualdade com base em que critérios, ou seja, pelo critério da necessidade, do mérito, da capacidade, da posição, do esforço, etc.

Enfim, para Bobbio, a esquerda tenderia para uma posição mais igualitária e a direita para posições mais inigualitárias.

Essas reflexões surgiram em função de uma entrevista publicada na revista “Época” desta semana com o professor Richard Wilkinson da Universidade de Nottingham, na Inglaterra. Em 2005 ele escreveu o livro “O Impacto da Desigualdade” e em 2009 “O Nível do Espírito”. Ele afirma que “a desigualdade é o principal problema do mundo e que ela está associada a problemas tão diversos quanto o uso das drogas, obesidade, número de presos, homicídios e gravidez na adolescência”.

E acrescenta: “A desigualdade afeta mais quem está em baixo, mas mesmo quem está no topo teria pequenos benefícios numa sociedade mais igualitária. Por que os ricos não podem se isolar. A igualdade melhora, por assim dizer, a qualidade do ambiente social”.
E conclui ele: “A simpatia pela igualdade tem sido escondida, mas a intuição de que a desigualdade é ruim e divide a sociedade é universal”.

Todos que lutam por uma sociedade mais fraterna e mais igualitária não podem deixar de valorizar essas importantes reflexões.

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