quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Como mudar o mundo?

llPor ocasião da morte de Steve Jobs, um dos inovadores do mundo da computação e da atual revolução digital, foi lembrada uma passagem de sua vida, quando ele tentava trazer um alto executivo da “Coca-Cola” para a sua empresa. Ele teria dito: “Você quer passar o resto de sua vida vendendo água açucarada ou quer ajudar a mudar o mundo”? Para ele, mudar o mundo era avançar a tecnologia da informação.
Neste mesmo sentido, ia a sua crítica ao bilionário Bill Gates, da Microsoft, outro pioneiro do mundo da computação. Bill Gates resolveu se dedicar à filantropia e, através de uma Fundação, tentar melhorar a educação no mundo e, em especial, a produção de alimentos na África. Steve Jobs mais uma vez disse que preferia investir na inovação tecnológica.
Quem de fato estava mudando o mundo? O produtor de refrigerantes que cria novos hábitos de consumo? O produtor de novas tecnologias? Ou o filantrópico que busca reduzir as desigualdades e a pobreza do mundo? Eles de fato estão mudando o mundo?
Estas perguntas vêm a propósito do livro do historiador inglês Eric Hobsbawn intitulado “Como mudar o mundo”. O livro é uma análise sobre “Marx e o Marxismo de 1840 a 2011”, publicado pela Companhia das Letras. Marx, pensador alemão, havia dito que os filósofos tentaram interpretar o mundo de várias formas mas o importante era transformá-lo. Mudar o mundo para Marx era superar o sistema capitalista, era fazer a transição do Capitalismo para o Socialismo através da luta política da classe trabalhadora e de seus partidos.
Ele fazia uma análise abrangente da sociedade capitalista, examinando sua relação econômica. Duas críticas se destacavam ao modo de produção capitalista: Primeiro, o capitalismo tornava cada vez mais social, mais global, a produção de mercadorias e, no entanto, a apropriação do resultado desta produção, a apropriação do lucro era privada, beneficiava apenas alguns. Em segundo lugar, a empresa capitalista em seu interior era muito organizada, e seria cada vez mais organizada; mas, o mercado era muito desorganizado e gerava crises permanentes: da superprodução ia para a recessão com desemprego, etc.
Para superar essas questões, Marx propunha a socialização da produção e do lucro e um planejamento da produção, duas questões importantes para o socialismo.
Segundo Eric Hobsbawn, o capitalismo não consegue oferecer soluções para os problemas do século XXI e, por isto, Marx deve ser levado a sério. 

Mário Luiz Guide é professor universitário, formado em filosofia na USP e em Direito pela Unifieo, com doutorado na USP em Ciências Políticas. É vereador em Osasco e secretário geral do PSB no estado. www.marioguide.com.br

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